terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Natal - Poema de Miguel Torga


Fiel das horas mortas
Desta noite comprida,
Pergunto a cada sombra recolhida
Que Sol figura o lume
Que da lareira negra me sorri:
O do calor cristão ?
O do calor pagão ?
Ou a fogueira é só a combustão
Da lenha que acendi ?
Presépios, Solstícios, Divindades....
A versátil natureza
Do homem, senhor de tudo !
Cria mitos,
Destrói mitos,
Nega os milagres que fez,
E depois, desesperado,
Procura o mundo sagrado
Nas cinzas da lucidez.

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